Do Horror Clássico às Novidades: O Halloween e os Filmes Essenciais dos Últimos 100 Anos
Com a chegada do Halloween, a discussão sobre filmes de terror intensifica-se. É um género que divide opiniões: ou se ama, ou se odeia. A redatora Anna Goldbach aprendeu a apreciar o terror, especialmente no conforto do seu sofá, após a primeira temporada de “American Horror Story”. Para celebrar a época, pediu ao seu colega René Erdbrügger, um reconhecido especialista em cinema, que partilhasse a sua lista dos filmes de terror mais marcantes dos últimos 100 anos.
Os Pioneiros do Medo: O Expressionismo e o Surrealismo
A seleção começa com “Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror” (1922), a obra-prima do expressionismo alemão de F.W. Murnau. A história do misterioso Conde Orlok, que mergulha uma cidade na desgraça, continua a fascinar até hoje pela sua estética sombria de luz e sombra, atmosfera ameaçadora e composições visuais perturbadoras.
Pouco depois, “Um Cão Andaluz” (1929), de Luis Buñuel e Salvador Dalí, demonstrou que o horror não necessita de lógica. Esta curta-metragem surrealista não segue uma narrativa convencional, mas sim as regras do sonho, inspiradas em Freud. Imagens icónicas, como o corte de um olho com uma lâmina, permanecem inesquecíveis.
A Definição do Monstro Clássico
Em 1931, “Dracula” da Universal, protagonizado por Bela Lugosi, solidificou a imagem do vampiro para as gerações futuras. O filme, realizado por Tod Browning, tornou-se um marco. A combinação de cenários sombrios, uma atmosfera gótica e a presença ambivalente de Lugosi fundiram, pela primeira vez, horror e romance gótico de uma forma que influenciou o cinema de forma duradoura.
A Revolução Psicológica e o Nascimento do Slasher
Avançando para 1960, “Psycho”, de Alfred Hitchcock, revolucionou o género. Hitchcock quebrou as expectativas do público ao assassinar brutalmente a suposta protagonista, Marion Crane (Janet Leigh), na lendária cena do chuveiro. Com uma montagem rápida e uma banda sonora dissonante, a cena traumatizou audiências. Norman Bates tornou-se o protótipo do assassino em série psicologicamente credível.
Em 1978, “Halloween – A Noite do Terror”, de John Carpenter, fundou o género slasher na sua forma moderna. Muitos elementos hoje comuns—o assassino mascarado, as vítimas adolescentes e a “final girl” (a última sobrevivente)—tiveram aqui a sua origem. Carpenter priorizou a atmosfera, utilizando imagens claustrofóbicas e um tema musical minimalista (composto por ele mesmo), em vez de focar-se no sangue. Jamie Lee Curtis, no papel de Laurie, criou uma das primeiras heroínas fortes do género.
O Terror como Crítica Social
Também em 1978, George A. Romero lançou “Zombie (Dawn of the Dead)”. Mais do que um filme de zombies intenso, a obra é uma crítica social mordaz. O centro comercial, onde os sobreviventes procuram refúgio, transforma-se numa poderosa metáfora do consumismo e da ganância humana, resumida na famosa frase: “Quando já não houver espaço no inferno, os mortos caminharão sobre a Terra.”
O Horror na Atualidade: De Estreias a Programas Infantis
Hoje, o Halloween é uma importação cultural celebrada por muitos, frequentemente nos cinemas. O público ávido por sustos aguarda novas estreias como “Frankenstein” de Guillermo del Toro, “Black Phone 2” ou “Dracula – A Ressurreição” de Luc Besson. Paralelamente, clássicos como “A Semente do Diabo” (Rosemary’s Baby) e “O Gabinete do Dr. Caligari” regressam às salas.
O público infantil também procura emoções adequadas à idade. O filme de animação europeu “Alles voller Monster” (Tudo Cheio de Monstros), recomendado para maiores de 6 anos, é um exemplo. Baseado nos livros infantis “Stichkopf” e inspirado no mito de Frankenstein, o filme centra-se em Stichkopf, um monstro que parece mais adorável do que assustador. A história, que envolve a amizade com uma rapariga, destina-se a ter um final feliz, apesar dos sustos.